sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
domingo, 8 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
terça-feira, 12 de novembro de 2013
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
sábado, 31 de agosto de 2013
quarta-feira, 10 de julho de 2013
UM ABELHUDO
UM ABELHUDO
Sou primogênito de um total de oito irmãos. Nascido
aos dezesseis dias do mês de julho de 1958, em Fazenda Velha ,
município de Itapemirim - ES. Meus pais, humildes lavradores com pouco recurso
para trabalharem a terra, dependiam, muito cedo, da minha ajuda para sustentar
meus irmãos. Mas se depararam com um grande problema; eu era “preguiçoso”. Por
várias vezes, quando era obrigado a capinar, interrompia a seqüência de
enxadadas, para observar, minuciosamente, um ninho de formigas que, por ventura,
tivera sido atingido pelos golpes da enxada. Na roça, prolongava a sede do meu
pai, que lidava sob o sol escaldante, demorando mais que o tempo necessário,
para buscar água em uma cacimba, em cujas imediações sobrevoavam libélulas de
diferentes cores e tamanhos, pairando sobre o espelho d’água como se admirassem
suas próprias imagens nele refletidas. Assim, passava boa parte do tempo que
dispunha, em obcecada observação ao comportamento dos insetos.
Aos quinze anos de idade deixei a
companhia dos meus pais. Queria ser auto-sustentável, retomar os estudos
interrompidos na quarta série por falta de opção. Meus pais logo perceberam que
eu não tinha a menor vocação para as labutas na roça, permitiram e até
contribuíram para minha mudança para a zona urbana, indo morar e trabalhar com
meu tio; um carpinteiro que havia deixado Fazenda Velha anteriormente com sua
família para morar na localidade de Barra do Itapemirim onde seus filhos teriam
maior condição de estudar.
Desse modo, em vinte seis de dezembro de
1973, ao entardecer, ajudado pela minha mãe, juntei em uma sacola as roupas que
possuía, caminhei até a estrada, tomei uma carona e parti feliz. Era o inicio
de uma nova fase na minha vida. Fui trabalhar como auxiliar de carpinteiro em
uma fábrica de esquadria que o meu tio havia montado. Passei no teste de
avaliação. Era dedicado e gostava do que fazia e, não mais sentia preguiça, sem,
no entanto, ter perdido o interesse pelos insetos. Minha satisfação ainda não
era completa, queria continuar os estudos, mas, só consegui uma vaga para
matricular-me no período noturno em 1975 quando, então, passei a cursar a quinta
série na Escola de Primeiro e Segundo Grau Washigton Pinheiro Meirelles, na
qual permaneci até terminar o segundo grau, me formando em Crédito e Finanças.
Apesar de morar e trabalhar na cidade
gostava da vida pacata do interior e, sempre que podia, passava os finais de
semana na casa dos meus pais. Lá, conheci melhor Maura, uma colega das minhas
irmãs filha de um casal visinho, com quem viria me casar em dezessete de maio
de 1980. Em 1983, com conhecimento ampliado na arte do ofício, sai da Barra
para assumir cargo de carpinteiro chefe em uma carpintaria em Iriri, município
de Anchieta - ES. Éramos, então, uma família; eu, Maura e Neylla, nossa filha de
um ano de idade. No mesmo ano sofri um acidente de trabalho, perdendo três
dedos da mão esquerda. Apesar da gravidade do fato não restou nenhuma seqüela
traumática que perturbasse meu estado mental e continuei trabalhando no mesmo
serviço. Fabricava portas, janelas e outros artefatos de madeira sob encomenda.
No inicio de 1988, um apicultor fez um pedido de dez colméias do tipo americana,
que tem padrão mundial para a criação de abelhas da espécie apis. Ao ouvir o
apicultor explicar o funcionamento de um ninho de abelhas na medida em que
detalhava o mecanismo, usando para tanto, uma caixa modelo, fiquei fascinado.
Não desperdicei a oportunidade e, nas diversas vezes em que estive com o
profissional, impulsionado pela curiosidade latente, extrai dele o máximo de
conhecimento que pude. Ao executar o trabalho pedido, fabriquei uma unidade a
mais. Capturei um enxame, obtendo assim, minha primeira colméia de abelhas
africanizadas (abelha de ferrão existente atualmente, em estado selvagem, em todo Brasil ). Eu já
criava abelhas nativas, porem, sem nenhuma técnica especial. A paixão pela nova
atividade deu mais uma virada em minha vida; buscava conhecimento teórico em
todas as fontes que tratasse do assunto, e vivenciava a prática com verdadeira
empolgação. Comecei a fabricar Caixas de Ninho, Melgueiras, Caxilhos, adquirir
enxames etc... Iniciava assim, o “Apiário
Fazenda Velha”. No começo era mantido como “hobb” e o tempo de dedicação se
restringia aos finais de semana, e a atividade era então conciliada com o trabalho
na carpintaria até 1992, quando sofri novo acidente de trabalho, dessa vez
perdendo parte do dedo indicador da mão direita. A essa altura dos
acontecimentos, já cogitava a possibilidade de me dedicar tão somente à
Apicultura. Prolonguei por tempo indeterminado o período que ficaria fora do
trabalho para necessária recuperação do mencionado acidente, abdicando assim,
de uma profissão consolidada para me lançar num mercado totalmente
desconhecido. Não obstante, tinha um propósito em mente; produzir mel de boa
qualidade. Sempre prezei por aperfeiçoar, a cada repetição, o que fazia. Dessa
vez não era diferente, afinal, estava fazendo o que mais gostava de fazer;
lidando com inseto, e diante da possibilidade de sobreviver desse prazer.
Fiz o caminho de volta para a Fazenda
Velha, igualmente feliz quanto a dezenove anos passados quando desse lugar
parti.
Ao
longo desse tempo aprendi muitas coisas e constatei outras tantas. Entre elas,
a de que eu não era preguiçoso, apenas nunca me vi como um potencial lavrador.
Daí a minha conclusão: muitos dos maus profissionais, não tiveram a sorte de
descobrir as suas verdadeiras vocações.
Hoje, na atividade da apicultura, após
ter passado pelos percalços da mudança de profissão, ter superado a
inexperiência de um principiante e ganho a confiança de boa parte do mercado
consumidor de mel, sei que ainda há muito o que ser feito em prol da apicultura
brasileira. Os constantes desmatamentos, o uso indiscriminado dos produtos
agrotóxicos, a poluição do meio ambiente, as grandes queimadas... são exemplos de agressão à natureza que
contribui, e muito, para uma produção decrescente de néctar a cada ano, fazendo
da nossa região péssima produtora de mel, no que diz respeito a rentabilidade.
Mas o gosto pelo o que faço não me deixa sucumbir, nem me acomodar. Na
esperança de dias melhores, busco aperfeiçoar meu trabalho para superar as
dificuldades emergentes.
Urge a necessidade de se tomar
providências com visão futurísticas no sentido de salvar o nosso planeta. Isto
já é sabido. Necessário se faz mirar no exemplo de uma colônia de abelhas, onde
a harmonia com a mãe-natureza é perfeita e notória. Cada indivíduo parece saber
da sua importância no eco-sistema, no qual contribui com a perpetuação da
espécie explorada, ao coletar o alimento, através da polinização de suas
flores, fazendo aumentar a produção de frutos e sementes férteis.
Eu sou Aldemir Gomes de Souza e este é
um breve relato da minha vida.
Aldemir
Gomes
Assinar:
Postagens (Atom)